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Uma revisita ao argumento ontológico para tentar provar a existência de Deus

Nessa postagem eu revisito o argumento ontológico de Santo Anselmo para reapresentá-lo e vocês

Alguns malefícios da pornografia

A humildade é o primeiro degrau para a sabedoria - São Tomás de Aquino

Antes de irmos para o argumento, propriamente dito, analisaremos o que significa “ontológico”. Ontologia é o estudo do ser e da realidade, então quando falamos de um argumento ontológico, falamos de um argumento que analisa as propriedade de um ser ou da realidade e faz uma conclusão baseado nisso, este é um argumento a priori, porque não necessita de nenhuma experiência para ser considerado sólido. O argumento ontológico diz que, se é possível que Deus exista, então Ele existe. Ele é construído dessa forma:

  1. É possível que um ser de máxima grandeza exista;
  2. Um ser de máxima grandeza existe em um mundo possível;
  3. Se um ser de máxima grandeza existe em um mundo possível, então Ele, também, existe em todos os mundos possíveis;
  4. Se um ser de máxima grandeza existe em todos os mundos possíveis, então Ele, também, existe no nosso mundo;
  5. Um ser de máxima grandeza existe em nosso mundo;
  6. Logo, um ser de máxima grandeza existe.

1 - “É possível que um ser de máxima grandeza exista”

Primeiramente, o que é um ser de máxima grandeza? Um ser de máxima grandeza é um ser que tem todos os seus atributos positivos em seu auge e não possuí atributos negativos, é um ser perfeito. Agora a pergunta: “É possível que um ser perfeito exista?”, analisaremos isso de duas perspectivas uma é a que chamo de Cartesiana e a segunda de não-cartesiana. A perspectiva Cartesiana diz que: Um ser perfeito não só é possível, como Ele existe, porque se não o fosse possível ou Ele não existisse, Ele não seria perfeito.
Vamos analisá-la:
Ela diz que um ser perfeito é possível e existe, pelo simples fato, dele ser perfeito. Basicamente, ele diz que:

  1. Um ser perfeito tem todas as qualidades positivas no auge e não possuí qualidades negativas;
  2. Existir é uma qualidade positiva e não existir é uma qualidade negativa;
  3. Logo, um ser perfeito existe.

Vejamos, a premissa número um é perfeita, não há dúvidas de que um ser perfeito tem todas as qualidades positivas no auge e não possuí qualidades negativas, porém e sobre a premissa dois? Existir é realmente uma qualidade positiva? Oras, é claro, penso eu, pois caso você não exista, você não poderia ter nenhuma qualidade e nunca seria perfeito, então se você é perfeito, você necessariamente existe.

Agora a perspectiva não-cartesiana, é composta de uma forma diferente, vamos voltar a o que significa um ser de máxima grandeza, este é um ser que tem todos os atributos positivos em seu auge e não possuí os atributos negativos, então primeiro, existem atributos? E variações desses atributos? Vamos lá, é possível dizer que uma pessoa ou coisa é mais bonita que outra, ou mais inteligente que outro, ou mais alto que outro ou mais verde que outro, etc? A resposta é objetivamente sim, podemos colocar isso de uma forma mais simples, é possível dizer que: “Sim” tem menos letras do que “Exatamente”? Logicamente que sim, então atributos existem e não só existem como variam, o atributo quantidade de letras em “Sim” é igual a 3, enquanto em “Exatamente” é igual a 10. Oras, então, se atributos existem e são variados em maior ou menor quantidade é logicamente possível que algo possua todos os atributos positivos em seu auge e não possua atributos negativos. Podemos colocar isso na ordem de 0 à 1, em números reais, ou seja 0 significa que este ser não possuí este atributo e 1 significa que ele possuí, existindo entre esses dois um potencial infinito de outras variações (0,1; 0,124; 0,2 etc), onde seres imperfeitos, como nós, estão. A média de todos esses atributos no fim leva ao seu grau de perfeição, é logicamente possível que exista um ser com a média 1, vamos lembrar que um atributo positivo é o contrário de um atributo negativo, por exemplo, ser bondoso é o oposto de ser maldoso, ser belo é o oposto de ser feio, ser caridoso é o oposto de ser descaridoso, portanto, o atributo negativo pleno é, somente, a ausência de um atributo positivo. Citando um caso análogo, se o atributo bondade é igual a zero em alguém, então esse alguém é maldoso, porém não existe um atributo próprio à maldade, da forma que analisamos. Por isso é perfeitamente lógico e possível que exista um ser com a média de 1, ou seja, um ser perfeito. Logo, a primeira premissa é verdadeira, seguiremos agora para a segunda.

2 - “Um ser de máxima grandeza existe em um mundo possível”

Certo, a primeira premissa é verdadeira, é possível que um ser de máxima grandeza exista, mas o que significa dizer que um ser de máxima grandeza existe em um mundo possível? Bom, primeiro, o que é um mundo possível? Um mundo possível é um mundo entre diversos mundos que podem existir, imagine, por exemplo, que você vá comprar um sorvete e lá oferecem a ti um sorvete de morango e outro de chocolate, mas você pode escolher apenas um, suponha que você escolha o de morango, você escolher o sorvete de morango foi algo que aconteceu no mundo atual, mas a outra possibilidade, escolher o de chocolate, também, ocorreu em outro mundo possível, em outro, ainda, você não escolheu nenhum, entretanto não é possível que você sinta o cheiro da cor azul em nenhum mundo possível, porque isso é logicamente impossível, só nesse exemplo vimos três mundos possíveis. Então como vimos é logicamente possível que um ser de máxima grandeza exista e que desde que algo seja logicamente possível este algo existe em um mundo possível, portanto, a segunda premissa é verdadeira, um ser de máxima grandeza existe em um mundo possível.

3 - “Se um ser de máxima grandeza existe em um mundo possível, então Ele, também, existe em todos os mundos possíveis”

Perfeito, as duas primeiras premissas são verdadeiras, mas por que se um ser de máxima grandeza existe em um mundo possível ele, também, existe em todos os mundos possíveis? Voltemos a definição do que é um ser de máxima grandeza. “Um ser de máxima grandeza é um ser que possuí todas as qualidades positivas em seu auge e não possuí qualidades negativas” entremos então em sua potência, em outras palavras o seu poder, se X é um ser de máxima grandeza, então X possuí a qualidade potência em seu auge, X é, portanto, onipotente; daí entende-se, também, que se X tem toda a potência, ou seja, todo o poder, Ele tem o poder de existir em todos os lugares Ele é onipresente, por assim dizer. Se X existe em um mundo possível e X é onipresente, então X está presente não só em um mundo possível, mas em todos os mundos possíveis. X nesse sentido é Deus. Concluindo, se um ser de máxima grandeza existe em um mundo possível, então Ele, também existe em todos os mundos possíveis, porque Ele é onipresente, Ele tem a qualidade que permite que esteja presente em todos os lugares possíveis, incluindo em outros mundos possíveis.

4 - “Se um ser de máxima grandeza existe em todos os mundos possíveis, então Ele, também, existe no nosso mundo”

Esta premissa parece-me, bastante, óbvia. Pense, se Ele existe em todos os mundos possíveis e o nosso mundo é, também, um mundo possível, então, acertadamente, Ele, também, existe no nosso mundo. Imagine que os mundos possíveis são caixas e uma dessas caixas é o nosso mundo, se um ser de máxima grandeza existe em todas as caixas, então é evidente que Ele, também exista na nossa caixa. Portanto essa premissa é verdadeira.

5 - “Um ser de máxima grandeza existe em nosso mundo”

Essa é a conclusão óbvia da premissa anterior, se ele existe em todos os mundos possíveis, então Ele existe no nosso mundo.

6 - “Logo, um ser de máxima grandeza existe.”

Vemos que todas as premissas anteriores são verdadeiras e, portanto, a conclusão, que é apenas a repetição das premissas, também o-é. Temos então a conclusão definitiva de que um ser de máxima grandeza é possível e não só isso, Ele existe em um mundo possível e ainda mais, Ele existe no nosso mundo.

Respondendo Objeções

São Tomás de Aquino

Proponho aqui as minhas respostas as objeções mais comuns sobre a existência de Deus

1 - Certo, esse argumento é válido, porém eu posso, também, dizer que existe um unicórnio rosa invisível que, também, é um ser de máxima grandeza.

Essa é uma das objeções mais idiotas que já vi, porém ainda é muito usada. Ela vem de uma falha no entendimento do que é um ser de máxima grandeza (Além disso, se o unicórnio é invisível como você sabe que ele é rosa? Ou ainda como sabe que é um unicórnio?), bom um ser de máxima grandeza, como já vimos, é um ser que possuí todos os atributos positivos nos auge e não possuí atributos negativos, nesse sentido é impossível que um unicórnio seja um ser de máxima grandeza e permaneça sendo um unicórnio, porque um unicórnio possuí atributos negativos e os positivos não estão em seu auge, caso eles estejam ele não será mais um unicórnio, simplesmente porque seus atributos imperfeitos, que fazem ele ser um unicórnio, serão substituídos por outros atributos que são perfeitos, fazendo-o deixar de ser um unicórnio, tanto em forma como em potência.

2 - Mas a existência de Deus é impossível! Porque é impossível que exista um ser onipotente, o paradoxo da onipotência prova isso!

Certo, o paradoxo da onipotência, já usei-o muito na minha época de ateu/agnóstico. Este paradoxo pergunta, basicamente, o que aconteceria se Deus criasse uma pedra tão pesada que Ele próprio não poderia levantar? Segue-se disso duas opções: Ou Ele levantaria a pedra e, portanto, não seria onipotente pois não conseguiria criar uma pedra tão pesada que Ele não levante ou Ele não conseguiria levantar a pedra, demonstrando que Ele não é onipotente. Vamos lá, aqui temos outro erro no entendimento do que significa onipotência. Onipotência significa poder fazer tudo, desde que, isso seja logicamente possível. Por exemplo, curar alguém é logicamente possível? Sim, é lógico, pessoas são curadas, portanto, Deus pode curar os outros. Andar sobre as águas é logicamente possível? Sim, apesar de não ser para seres humanos, é logicamente possível algo caminhar sobre as águas, portanto, Deus pode caminhar sobre as águas. É logicamente possível Deus pecar? Não, pecar é uma falha e Ele é infalível, portanto Deus não pode pecar. É logicamente possível Deus criar uma pedra tão pesada que Ele próprio não consiga levantar? Não, porque Ele tudo pode levantar. Não há paradoxo, há uma falta de entendimento do significado de onipotência em Deus.

3 - Se Deus é de todo o bom, então por que ele permite o mal?

Veja bem, o mal realmente existe? Digo ontologicamente, o que é o mal? Podemos perceber que o mal, nada mais é do que a ausência do bem. O mal, portanto, é como o frio, ele não existe, ele é somente a ausência de outro estado. Deus criou apenas o bem, mas o ser humano com o seu livre-arbítrio é quem permite o mal, afastando-se de Deus, que é o bem supremo. Outro fato é que Deus, é onisciente, Ele sabe todas as consequências de uma ação em todo o espaço-tempo, seja no dia de hoje, no de amanhã ou daqui à 100 anos, seja aqui ou na China. Então atribuir um ato de Deus como mal é uma presunção enorme, porque você, diferente dele, não tem o conhecimento do que determinada ação fará em todo o espaço-tempo.

4 - Se Deus existe, então quem criou Deus?

Vamos ignorar a estranheza de se perguntar “Quem criou o criador de todas as coisas?”, veja, Deus não foi criado, Ele sempre existiu. Mas como isso é possível, você pode estar se perguntando, primeiro, veja Deus não pertence ao mundo sensível, o mundo físico, Ele pertence ao mundo meta-físico, portanto, as leis físicas, como da causalidade, não são aplicadas a Ele, justamente porquê Ele não pertence ao mundo físico. Outro ponto, um ser imperfeito não pode criar um ser perfeito, apenas um ser perfeito pode criar outro ser perfeito, que no final, será o mesmo ser, então ou um ser anterior a Deus criou Deus, porém nesse sentido, esse ser, também, é Deus ou Deus sempre existiu. Ele sempre existir é possível pelo fato dele ser absolutamente perfeito, voltemos a premissa um e notemos que existência necessária é um atributo positivo, portanto, Deus sempre existiu.

Conclusão

Acredito que depois desse artigo ficou claro a ti que se é possível que Deus exista, então Ele existe, como é proposto pelo argumento.
"Dê-me, Senhor, agudeza para entender, capacidade para reter, método e faculdade para aprender, sutileza para interpretar, graça e abundância para falar, acerto ao começar, direção ao progredir e perfeição ao concluir..." - São Tomás de Aquino