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Introdução à ontologia clássica

Apresentação e explicação de termos como: ente, essência, substância, substância primeira, substância segunda, acidente e forma

Introdução à ontologia clássica

Este artigo foi altamente inspirado na série de vídeos sobre a introdução às propedêuticas da ontologia, do Douglas, do canal Distributista Cristão

Apresentação da Ontologia e dos termos

Sujeito: Aquele que prática a ação do verbo.
Predicado: Aquilo que se diz do sujeito.

Ontologia é o estudo do ser enquanto ser ou estudo do ente. Quando falamos de ser, neste texto, não estamos falando necessariamente de Deus, mas de todos os seres.

O ente é aquele que não é predicado por outro, mas aquele que recebe predicação de outros, em outras palavras, ele é o sujeito de alguma oração.
Por exemplo, quando se fala: “Sócrates é …”, Sócrates aí é o sujeito ou o ente, e o “é”, verbo ser, representa uma análise ontológica de Sócrates, enquanto ente.

A substância, por outro lado, é o que se predica do ente e que não poderia não ser predicado dele, ela torna o sujeito aquilo que ele é, pois caso fosse retirado o sujeito não seria.
Por exemplo: Sócrates é humano, nesse caso humano é predicado de Sócrates, ou seja, é sua substância.

No entanto, eu também sou humano, mas nem por isso, sou Sócrates, porque embora tenhamos a mesma substância, essa é uma substância segunda e se diz do grupo como tal e não ao sujeito enquanto tal.

Por exemplo: Ser humano é mamífero, leão é mamífero, mas nem por isso um leão é um ser humano, pois ser mamífero é meramente uma substância segunda. Assim também se refuta a direita neoconservadora e liberal, quando essa afirma que Fascismo, NS, socialismo stalinista, Social democracia, Keynesianismo, Estado Novo e tal e tal, são todos socialismo e iguais, quando a suposta direita faz isso ela tenta realizar uma análise por princípio de similaridade, porém usando uma substância segunda, que é o fato de todos esses sistemas serem estatistas, como regra para aplicação do princípio, um absurdo tão grande quanto o exemplo do leão. Porque, embora esses sistemas tenham tido um Estado bem atuante, ele atuou de formas diferentes, ou seja, embora a essência seja a mesma, a forma é diferente; da mesma forma que um ser humano e um leão têm, ambos, a essência de mamífero, mas a forma é diferente. Então a substância primeira é aquela que diferencia o ente de outros no mesmo grupo, é a essência mais forma, consequentemente imutável; enquanto a substância segunda é aquela que iguala ele a algum grupo, é somente a essência e a essência sozinha é somente a abstração universal do ente, ela cria categorias ou grupos.

O exemplo do leão dado acima, prova que o princípio de identidade se aplica somente às substâncias primeiras, isto é, essência mais forma, porque é a forma que particulariza um ente dos outros que compartilham a mesma essência, do contrário, cairíamos no absurdo de deduzir que um ser humano e um leão são o mesmo ente, porque predicam a mesma essência, a saber, ser mamífero. Dessa forma, também evitamos os erros crassos de política da direita neoconservadora e liberal, na questão do socialismo, como foi citado de exemplo, bem como diversos erros presentes também na dita esquerda.

A substância primeira e a substância segunda não são uma coisa só, mas fazem parte de uma cadeia hierárquica piramidal, por assim dizer.

Por exemplo, todos nós temos a substância segunda de sermos homens (Enquanto espécie), mas ser homem também tem como substância segunda ser bípede e ser bípede tem como substância segunda ser animal e ser animal tem, ainda, como substância segunda ser um ser vivo, agora ser um ser vivo tem como substância primeira, do homem individual, ser um animal, ser um animal tem como substância primeira ser um bípede, ser bípede tem como substância primeira ser homem e o ser homem tem como substância primeira ser o homem individual.

Também temos os acidentes, um acidente também é predicado do sujeito, no entanto, ele é um predicado, por assim dizer, de segundo grau, isto é, um predicado que, existindo ou não existindo, não faz diferença para o sujeito enquanto tal.

Por exemplo, eu estou sentado, isso é uma análise ontológica, no entanto, eu estar sentado ou deitado ou em pé, não muda o fato de eu ser eu, pois estar sentado é um acidente. Outros exemplos de acidente são: Ser branco, preto ou pardo, estar acordado ou dormindo e assim vai.

Ao fazer um silogismo devemos nos atentar para usar como termos do silogismo apenas as substâncias e não os acidentes. Uma substância segunda pode ser usada como termo de um silogismo, por ser uma substância categórica ou universal como em: “Todo humano é mortal; Sócrates é humano; logo Sócrates é mortal.”, mas uma substância primeira não pode ser usada validamente em um silogismo desse tipo, porque ela é particular, por exemplo: “João é mau; e João é homem; Paulo é homem; logo Paulo é mau”, é um falso silogismo, porque confundiu a substância primeira particular de João, ou seja, ser mau, com a substância segunda universal de ser homem.


O ente pode ser individual e pode ser abstrato.

Um ente individual é um ente palpável, como uma zebra, Sócrates, um cavalo, uma xícara etc.

Um ente abstrato é um abstrato universal, uma ideia ou categoria, como comunismo, capitalismo, distributismo, totalitarismo, nacionalismo etc.

Nota-se uma ligação íntima da ontologia clássica com o Catolicismo, porque a ontologia é o estudo do ente, o ente é apresentado como verbo, do verbo ser. No Catolicismo temos: ”O Verbo se fez carne”, “Deus criou tudo a partir do Verbo”, portanto é na análise do ser, como abstrato enquanto verbo ente, que se sustenta a Logos de Deus.

Ora, mas pode surgir a questão, qual é a substância primeira do homem? O que diferencia Sócrates de mim? A essa substância primeira, isto é, a essência mais forma, damos o nome de Alma com a forma do indivíduo. Um ser humano, enquanto substância segunda, é o nome que se dá ao grupo daqueles que têm Alma humana, mas a Alma torna-se substância primeira quando você dá a ela a forma do indivíduo.
Por exemplo, o que torna Sócrates em um indivíduo diferente de mim é o fato de Sócrates ter um Alma com sua forma, ou seja, ele tem a Alma de Sócrates, ou seja, você pega o abstrato universal, a essência Alma humana, e dá a ela a forma de Sócrates, em outras palavras: essência mais forma, consequentemente, substância primeira.

Resumo de algumas correntes ontológicas

Realismo: Acreditar que abstratos universais (Como virtudes, beleza, feiura, moral, distributismo, capitalismo etc) existem em si e fazem parte de uma Logos que predica à realidade.

Realismo moderado: Acreditar que alguns abstratos universais existem em si e fazem parte de uma Logos que predica à realidade e outros não.

Conceptualismo: Acreditar que abstratos universais não existem fora da mente humana, eles existem apenas na manifestação prática e são necessários para o funcionalismo da mente.

Nominalismo: Acreditar que abstratos universais não existem fora da mente humana e não são necessários.

Resumo das três ontologias

Ontologia do Uno: Busca investigar os seres, tendendo à compreendê-los enquanto grupo, por exemplo, Platão não está interessado em distinguir o ser humano Sócrates do ser humano Santo Agostinho, mas em definir o que é o ser humano em si, o ser humano ideal, sua ideia pura.

Ontologia do Ser: Busca investigar o ser tal e tal como ele é, indivisível e particular. Vem de Aristóteles, busca entender não o abstrato universal de ser humano, por exemplo, como no uno, mas entender o que diferencia os seres humanos individuais.

Ontologia do Devir: Vem do idealismo alemão, ele compreende que os abstratos universais existem, mas que eles estão em constante mudança. Por exemplo: Valores morais existem, mas eles são relativos às diversas culturas.

Um breve resumo dos termos

Ente: o sujeito, aquele que recebe predicações.
Essência: abstrato universal do ente.
Substância: aquilo que é predicado por necessidade do ente.
Substância Primeira: Essência mais forma, o que particulariza o ente.
Substância Segunda: Apenas a Essência, o que categoriza o ente.
Forma: aquilo que individualiza o ente de outros com mesma essência.
Acidente: aquilo que é predicado por contingência do ente.

É isso, espero que tenham gostado e que eu, embora seja apenas um estudante, tenha vos ajudado de alguma forma. Até!
Salve Rainha.
Viva Cristo Rei.