Acerca do livre-arbítrio
Neste post discorro sobre o que é de fato o livre-arbítrio
Introdução
Salve Maria. Em tempos modernos é muito comum escutar todo o tipo de besteira acerca do livre-arbítrio, para tentar justificar as próprias faltas. Uma alegação comum é que o livre-arbítrio é a capacidade de escolher entre pecar ou não-pecar, entretanto isso é falso e ignora completamente a exclusividade ontológica que o livre-arbítrio tem para com os seres humanos. Este texto surge pela inspiração do livro: “Conselhos para a direção do Espírito” do Padre Auguste Joseph Alphonse Gratry, pela necessidade de salvar a humanidade do meu século tão imerso em enganos e pecados; o texto também é inspirado em uma discussão recente que tive acerca do mesmo tema. Com tudo isso devidamente explicado, aproveitem o texto.
Uma investigação ontológica
A primeira coisa que precisamos fazer para entender o que é o livre-arbítrio é buscar, mediante uma investigação ontológica, isto é, uma investigação dos seres e da realidade, que seres possuem livre-arbítrio. É dogmático na Teologia Católica, que apenas os seres humanos possuem livre-arbítrio, entretanto, pode a lógica sustentar tal dogma? Bom, existem três possibilidade, que serão investigadas, a primeira é que apenas os seres humanos ou racionais possuem livre-arbítrio, a segunda é que apenas seres irracionais possuem o livre-arbítrio e a terceira é que tanto seres racionais quanto seres irracionais possuem o livre-arbítrio.
Pode um ser irracional possuir livre-arbítrio?
Essa questão é um tanto quanto absurda, pois alega que um ser irracional pode arbitrar livremente sobre algo, ignorando que para se arbitrar, dessa forma, é necessário que se compreenda o objeto sobre o qual se arbitra. Do contrário, esse ficará submisso às paixões ou aos instintos. Admitir que um ser irracional tenha livre-arbítrio, faz com que atos repugnantes, tal como: embebedar alguém para que essa pessoa realize algum ato para ti, sejam tidos como atos feitos por livre-arbítrio, isentando de culpa o sujeito do ato. Creio que esse exemplo clarifique bem o porquê de seres irracionais não possuírem o livre-arbítrio. Se esse é o caso, podemos, então, responder à questão inicial: “três possibilidade, que serão investigadas, a primeira é que apenas os seres humanos ou racionais possuem livre-arbítrio, a segunda é que apenas seres irracionais possuem o livre-arbítrio e a terceira é que tanto seres racionais quanto seres irracionais possuem o livre-arbítrio.”, oras, se seres irracionais não possuem livre-arbítrio é evidente que duas dessas possibilidades, a saber, a segunda e a terceira, são falsas. Portanto, podemos concluir que apenas seres racionais possuem o livre-arbítrio.
Que diferencia um ser racional de um irracional nas questões de arbítrio?
Se seres racionais têm livre-arbítrio, mas seres irracionais não têm, isso implica que há alguma natureza distinta nos seres racionais e irracionais nas questões de arbítrio, que torne um possuidor de livre-arbítrio e outro não. Para descobrir qual é essa natureza, precisamos analisar as diferenças de ação em questões de arbítrio entre seres racionais e irracionais. Peguemos então, o exemplo de uma cadela no cio, se houver possibilidade, ela incidirá no ato libidinoso, invariavelmente, independente disso ser ou não pecado, pois ela não possui livre-arbítrio, ela é uma serva de seus instintos bestiais. No entanto, quando se trata de um ser humano, isso não é verdade; mesmo uma pessoa com a libido alta não consagrará o ato necessariamente, porque diferente deles, nós temos livre-arbítrio, nós podemos escolher não pecar. Notando essa diferença de arbítrio, podemos atribuir que a servidão aos instintos é o oposto de livre-arbítrio, porque só são servos de seus instintos os seres sem livre-arbítrio, isto é, os irracionais. Escolher pecar não pode ser considerado livre-arbítrio, já que essa é a escolha dos seres sem livre-arbítrio. Portanto, somente um ser que escolhe não ser servo de seus instintos, em outras palavras, um ser que escolhe não pecar é que usa de seu livre-arbítrio, na medida que alguém que escolhe pecar afasta-se do livre-arbítrio e aproxima-se de uma besta, ele rejeita sua humanidade e abraça a bestialidade. Com efeito, refuta-se a hipótese de que o livre-arbítrio é a capacidade de escolher entre pecar ou não-pecar e prova-se que o livre-arbítrio é, somente, a capacidade de não-pecar, pois ao pecar rejeita-o.
Conclusão
Tendo tudo isso em vista, podemos devidamente refutar a tese inicial, a saber, “o livre-arbítrio é a capacidade de escolher entre pecar ou não-pecar”, e provar que somente ao escolher não-pecar é que se usa do seu livre-arbítrio, assim é possível devidamente corrigir nossos irmãos que usam do livre-arbítrio para justificar as suas faltas e, quem sabe, trazê-los ao caminho da Santidade.
Viva Cristo Rei.